Sou belicista, arrogante, imperialista
Sou transeunte, divino, materialista
Mamute congelado que uma sonda achou em marte
Sou clone de uma mosca africana
Na boca da criança sul-americana
Eu sou Spock
Eu sou Andróide
Todos os meus órgãos
Foram geneticamente alterados
Vivo feliz com um coração de porco
E um cérebro de lhama
(Não é assim que se faz fama?)
Sei de cor meu código genético
Mas eu quero mais, eu quero o estético
Eu vi a múmia de Lênin
Eu vejo a múmia Yankee
Vamos todos viajar nas estrelas
nas esteiras do seu tanque
O pensamento é único
É tão comum
Eu sou o homem
Do século 21
Sou mito, sou mentira
Um religioso ateu, um cientista fariseu
Sou nasa, sou Hussain
Sou o mal, mas sei ser o bem
Sou robótica, biotecnologia
Sou micro, macro, encéfaloparalisia
Minha sujeira você comerá
Mas antes, vamos exportar guaraná
Sou barão, gergelim, imperador
Eu sou a cura para qualquer tipo de dor
Eu sou o fim do bom, talvez o fim do amor
Sou o sexo seguro do seu televisor
O out-door que diz: use, caixinha de isopor!
Meu maná já foi inseto
Meu microondas, proletário
Posso ser esse novo-rico precário
Ou um evangélico e seu relicário
Quem sabe um patuá budista
Na verdade, sou uma modelo bundista
Que veste uma roupa que já foi vaca
...E pensar, que tantas foram vacas
Só por suas roupas!
Viva a cara do menino sujo de carvão
Viva a língua, viva o palavrão
Amém avião, amem ilusão
Enquanto bombas, se desfazem pelo chão
Digo, dane-se o dna
Pois minha letargia
É só minha,
Como minha onírica poesia
O pensamento é único
O senso é comum
E eu ainda sou
O homem do século 21
Claus Nardes
Um comentário:
muito bom!
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