E a Nave se foi
Toda poesia é uma nave, sem rumo E todo poeta, um piloto, presumo
30.1.07
e-comerce
Caixa de chocolates e um livro
Tudo embrulhado para presente
Junto, mandei-me um cartão dizendo:
“que bom que você ainda está aí!”
Claus Nardes
O Dom a dor!
Disse o domador, antes que platéia dissesse:
Oohhhhhhh!!!!
Era um bom homem o domador, mas cheio de interjeições!
Uuuuhhh!!!!
Como são famintos os leões...
Claus Nardes
21.12.06
Licor e Blues para Simone

Nosso licor ainda tem gosto
Nosso blues ainda tem rosto
E o dia 4 amanhece todos os dias
E todos os dias
Eu quero amanhecer-te
Como é bom embriagar-me em ti
Em sabores de amor e licor
Em gestos simples que imitam a flor
No cabelo noturno me desencontro
Sem bússola ou mapa
És a única estrela para a qual aponto
Me embriague
Me deixe perdido
Me deixe tonto
Mas não me deixe blue
Reflexão
O que é você sem seu espelho?
De noite...
O melhor momento
Para se
Refletir
O dia passou
Somar-se e subtrair-se
Trai-se e
Traz-se
De rosto lavado
Refletindo de forma mais clara
O dia de hoje
É uma coisa
Quase rara
A vida é quase errada!
Vivemos de Se...
Em qualquer canto, em qualquer rumo
Juro que diria
Foda-se todo o mundo!
Tudo ao seu tempo
Um dia
Todos irão acordar
O sono vai
O sol vem
Um dia
Cada um levantará por si só
O sono vai
O sol virá
Não mais noites eternas
Desses mesmos pesadelos incognoscíveis
Basta das noites
Onde os gritos são mais torturantes
Que os próprios monstros errantes
Mas por enquanto, tudo ao seu tempo!
Mesmo ele sendo lento...
Oração de natal
24.9.06
3 acordes para a vida
Leve, pra lá e pra cá
Tranqüila e sonolenta
A vida é um tango?
Sedutora, marcante e trágica
Com pegadas fortes e lábios vermelhos
Não!
A vida é um bom e velho punk rock
Curta, crua e com três acordes
Claus Nardes
Relógio Moderno
Digo:
" Por favor, não me atrasem!"
Claus Nardes
30.7.06
Esquinas Modernas
Grossos lábios carminados
Simpática, anunciava os valores
Um rapaz se aproximou
Levou
Para a sua noiva
Anúncio
Um livro de auto-ajuda
Seja feliz
Fique de bem com o espelho
Perca a barriga
Ganhe mais dinheiro
Seja dono do seu negócio
Aprenda a cantar em três lições
Faça ligações interurbanas pagando local
Seja super feliz comendo de tudo
Compre este livro
Assine esta revista
Aceitamos todos os cartões
(inclusive o seu)
Sua tv está velha?
Ligue pra mim, vai! Estou te esperando, humm!
Dê de presente para a sua mãe
Parcele em 24 vezes, no nosso crediário
Beba
Se beber não dirija
Se dirigir, use o nosso combustível
Passe horas de prazer no nosso motel
O melhor disco do ano, sucesso de crítica e de público
O mais vendido
O único, com uma série de vantagens
Converse com os nossos gerentes
Tenho dó do diabo
Pois, já não sobra mais nada para ele!
Claus Nardes
Que seja
Que seja outra hora
Que seja outro
Que seja outro tempo
Que seja outra pessoa
Que seja de outra forma
De outra maneira
Que seja o que se deseja
Que veja de outra forma
Que seja agora
Sem cansar de ser o mesmo
Sem cansar de ser o outro
Que seja assim
Que assim seja
Claus Nardes
30.6.06
Uma Montagem para Fernanda (ou O Andar)
Esse andar por entre as flores despercebidas da ruptura
As variantes das avenidas que só nós, fantasmas
Temos coragem de caminhar
Onde o passo delicado do sonho
Encontra a brutalidade sórdida de neocavalos reais
Lacrimejamos perante a força dos animais
Mas sempre nos salvamos
(Guardadores de Rebanhos)
Chamam de fantasmas
os que caminham pelas avenidas de sonhos,
os que sentem dor,
os que não dormem mais,
os inquietos
Chamam de fantasmas,
os que estão realmente vivos e se recusaram a morrer
O sonho é popular
O andar é delicado e não é só
Claus Nardes
Suco de laranja
Tomando suco de laranja
De olhos escuros até para a noite
Que me lembraram, em um só instante
Eros e sua mãe fascinante
Claus Nardes
Só
Mede cada passo nas pedras do caminho
Com ares que beiram o flauto
É como se fosse pensativo este sozinho
Quebrou o asfalto com seu andar
E das lágrimas deixou brotar
Uma contra-mão invertida
Na curva, de saída só para caminhões
Claus Nardes
31.5.06
Quem não chove?
E algumas lágrimas desabam
Meu rosto molha
Meus pés encharcam
Escorrego pelas luzes vigilantes
Mas os bueiros já estão atentos
Não deixam qu’eu me afogue antes
Não antes, de um dos seus alentos
Claus Nardes
21.5.06
Uma música para André
Mas a favor da brisa
Poc...
Poc...
Curvado de causas nobres
Envergado de sonhos
Poc...
Poc...
Refutando todos os cobres
Vencendo moinhos medonhos
De forma forte diz: “São as causas perdidas que movimentam o Homem.”
Claus Nardes